Aula 5
REENCARNE |
Um dos pontos básicos das doutrinas espiritualistas é a reencarnação. Muito discutida, teve uma série de outros nomes através da história, para satisfazer a teólogos e cientistas que buscam comprovar seus pontos de vista – contra ou a favor -, tais como: palingênese, metensomatose e palingenesia, além de ser a base da moderna TVP – Terapia de Vidas Passadas, uma das muitas terapias alternativas que estão sendo utilizadas no limiar do III Milênio. Católicos, evangélicos, judeus e muçulmanos não acreditam na reencarnação: as almas dos mortos ficam aguardando o juízo final e não existem novas oportunidades para quem não cumpriu as ordens de Deus. Já as grandes religiões espiritualistas, como o Budismo, o Kardecismo, o Candomblé e a Umbanda aceitam a reencarnação como o processo de oportunidade para a purificação dos espíritos. Na nossa Doutrina entendemos que o espírito, após diversas existências na Terra, depois de ter muitas caras e muitos nomes, depois de fazer suas jornadas de vaidade, ambição, traição, violências e mentiras, ou de esforços bem dirigidos, de amor e dedicação, vai para o Canal Vermelho, onde vive no plano espiritual correspondente ao seu padrão vibratório, e ali tem toda sua memória transcendental, da qual toma consciência de acordo com seu nível de lucidez.
Segundo Koatay 108, o espírito pode ficar até sete anos terrestres no Canal Vermelho, percorrendo seus vários planos. Há hospitais, albergues e até mesmo cavernas, para onde o espírito, ao chegar, se dirige na sintonia da faixa vibratória que conquistou em sua jornada na Terra. O Canal Vermelho é o caminho da evolução. Oferece a oportunidade de um espírito ajudar seus entes queridos que deixou na Terra. Há muitos casos de desencarnados que trazem restos de seus carmas a serem eliminados, e isso é feito através do resgate pelo seu trabalho na Lei do Auxílio. No Canal Vermelho o espírito faz sua recuperação e quando sente a necessidade de reencarnar, consulta seu mentor, que avalia suas condições e, se favoráveis, dá início ao plano reencarnatório, propiciando o roteiro para sua reencarnação. Dependendo do nível de consciência, o espírito identifica conflitos, mágoas, arrependimentos, agressões por suas ações e reações em oportunidades que teve em outras encarnações, e se sente infeliz e irrealizado, sabendo que precisa fazer seus reajustes com suas vítimas do passado, conquistar aqueles que se dizem seus inimigos, para que, livre de todo esse peso, possa retornar às suas origens. Súplica, então, por uma nova reencarnação, para resgatar tudo isso e se libertar dos tormentos que o envolvem.
Os processos reencarnatórios envolvem diferentes situações:
a) IGNORÂNCIA – É quando o espírito reencarna com o propósito de melhorar seus conhecimentos e se esclarecer sobre as leis da Vida, tais como o amor, a humildade, a tolerância, a caridade e a misericórdia;
b) EXPIAÇÃO – Quando o espírito retorna à Terra para sofrer as consequências de seus erros transcendentais, como acontece com os viciados em bebidas e tóxicos, sofrendo terríveis condições morais e a eles é dada a reencarnação de forma dolorosa e geralmente curta, a fim de que completem o tempo que desperdiçaram na vida anterior;
c) PROVAÇÃO – O espírito reencarna para sofrer no corpo físico e na alma os desafios e provas que lhe proporcionarão condições de evolução conforme sua tolerância e merecimento;
d) REPARAÇÃO – O espírito volta a esta vida para consertar suas falhas transcendentais, compensar as destruições e desencontros que provocou em vidas passadas;
e) MISSÃO – Aquele que já superou as outras fases e reencarna por amor para cumprir uma missão neste planeta junto a outro espírito, em um lar, em uma cidade, em uma nação ou por toda a Terra. Enquanto nos planos espirituais, o espírito pode evoluir muito pela vontade e desejo de melhorar, mas somente no plano físico é que pode demonstrar e praticar tudo o que aprendeu.
Pela graça de Deus, o homem reencarna dentro de um plano de trabalho elaborado em conjunto com seus mentores, onde são previstas dificuldades, em graus variáveis, visando sua evolução. Cumprir ou não esse plano depende do livre arbítrio daquele espírito e o resultado positivo ou negativo de uma encarnação tem como ponto crítico o reajuste. Algum tempo antes de reencarnar (cerca de onze meses terrestres), o espírito, acompanhado por seu mentor, faz uma visita aos locais onde viveu suas várias encarnações, marcados pelos charmes que deixou. O sucesso ou o fracasso de uma encarnação depende muito desses charmes, de como o espírito vai manipular aquelas energias magnéticas.
Essa influência é tão determinante que de 80 em 80 dias o espírito encarnado muda sua roupagem, tendo suas condições de vida determinadas pelos charmes que deixou. Com base no que colheu em sua jornada, o espírito traça com a Espiritualidade o seu plano reencarnatório, escolhendo seus pais, seus amores, seus amigos e inimigos que irá encontrar, e com os quais irá se reajustar, suas dificuldades que irão submetê-lo às provações, e até mesmo a forma como irá desencarnar.
Prevenido de suas próprias vacilações, escolhe um futuro amigo e protetor espiritual, que irá ajudá-lo na penosa jornada. Os espíritos de seus futuros pais são, então, chamados, e podem concordar ou não com o planejamento feito. Desta reunião espiritual resulta o plano definitivo daquela reencarnação. Assim, quando vemos uma criança deficiente, um verdadeiro peso para seus pais, devemos ter a consciência de que foi tudo planejado e aceito nos planos espirituais, pois faz parte do reajuste daquele grupo.
Embora quando estejam de volta ao corpo eles não mais se lembrem de coisa alguma essa missão ou reajuste foi aceita, e por isso devem os pais de deficientes físicos ou mentais compreenderem que não estão sendo castigados, mas sim, tendo a oportunidade de se evoluírem e ajudarem aquele espírito que foi colocado sob seus cuidados, tudo de acordo com o que foi planejado. Quando se dá a concepção, aquele espírito que vai reencarnar inicia seu sono cultural, fase de desassimilação, onde toda a memória se apaga e que se prolonga até o feto completar três meses, quando ele vai despertando à medida em que aperfeiçoa seus sentidos terrenos. É colocado em torno do corpo, sob a pele, razão pela qual é denominado perispírito, revestindo-se da mesma substância da alma, dela se diferenciando por ter uma herança transcendental, enquanto a alma tema penas a herança de uma encarnação.
O espírito se prende ao corpo físico pela fagulha divina. A criança nasce e dá expansão aos seus sistemas sensoriais e começa a acumular informações, alimentando seu corpo e sua alma com a manipulação das forças telúricas. Traz toda a experiência e os mecanismos de defesa necessários à vida terrestre. Com seu corpo preparado pela codificação genética – sua herança biológica – inicia sua jornada, submetendo-se às leis da Terra, sob ação das forças do mundo psicofísico, e onde irá encontrar cobradores em seu redor, especialmente em seu próprio lar, e as dificuldades que fazem parte de suas provações aceitas no seu plano reencarnatório.
Recebe energias de suas origens, que só serão identificadas a partir do despertar de seu “Eu” para a conscientização de seu espírito. Assim, o homem liberto de suas formas animais conquista sua autonomia, mas está contido por suas responsabilidades morais, por seus deveres e obrigações consigo mesmo e com a sociedade em que vive. Nasce, cresce, muda de um lugar para outro, faz amizades, vive paixões, chora, ri, ama, faz o bem ou o mal, resgata ou contrai dívidas transcendentais, agindo e reagindo dentro do livre arbítrio, de acordo com sua consciência e seus conhecimentos.
Em seus encontros e desencontros, desde os atos mais simples aos mais importantes, está envolvido um complexo mecanismo que se modifica a cada momento, pela decisão que toma aquela pessoa. Se a decisão é correta, em harmonia com o planejado em seu plano reencarnatório, o resultado é bom, causando bem estar e conforto espiritual e mental. Mas se a decisão é errada, o homem sofre angústias, tormentos e dores. Portanto, o homem é feliz ou infeliz de acordo com suas próprias decisões, e nestas residem seu desafio evolutivo. Desde sua concepção até seu desencarne, o espírito encarnado emite seu padrão vibratório aos que estão ao seu redor, principalmente os seus familiares, e tem a grande responsabilidade não só pela sua própria evolução, mas também pela evolução daqueles que escolheu para se reajustar e se harmonizar.
O reencarne é a grande prova, a grande oportunidade que cada um tem para prosseguir em sua jornada de volta às suas origens. Retornar à vida na Terra é o que o espírito suplica, em sua conscientização, por saber que precisa se libertar de seus erros passados, da perseguição de seus cobradores, e isso só poderá conseguir pela oportunidade da reencarnação. O homem que diz: “eu não pedi para nascer!”, não sabe o quanto está equivocado!
● “Paulo, um jovem médico, perdeu sua filha de oito anos. Vivia pelos cantos, desesperado, porque, apesar de ser um Jaguar, não acreditava na vida fora da matéria. Sofria terrivelmente a perda de sua filha. Passava horas com sua esposa ou em lugares escuros. Certo dia, uma família espírita na qual Paulo nunca acreditara, ensinou-lhe o que fazer: uma pequena mesa forrada de branco, um copo com água, um pequeno jarro de rosas (de que a menina tanto gostava). E ali ficaram, à espera do que poderia acontecer. Súbito, ouviu-se um soluço e, logo depois, a vozinha esperada, que disse: “Paizinho, vim buscar meu cordãozinho que o senhor me deu quando nasci! Sim, pai, lhe vejo todos os dias, quando está pensando em mim!…” “Sim, filha! – disse o homem, que até então não acreditava – Vou buscar. Está no cofre…” “Não, pai, já está no meu pescoço. O senhor não o encontrará mais! Voltarei, paizinho, para este lar tão logo me permita Deus!” Paulo foi depressa ao cofre e não encontrou o cordãozinho. Só ele sabia que ninguém poderia abrir o cofre, pois só ele tinha a chave… Quatro anos depois daquele ritual, uma linda menina de dois anos de idade lhe perguntava: “Papai, onde está o meu cordãozinho?” E, segurando a sua mão, o levou até o cofre. Ela batia as mãozinhas, dizendo: “Abre! Abre!” Paulo abriu o cofre e lá estava o cordãozinho, do mesmo jeito que o deixara, inclusive com um pequeno coração, também de ouro, que acompanhava o cordão. Ele conservava a marca do dentinho, mordido que fora pela menina. Enquanto ela gritava: “Dá, dá, é meu!”, Paulo, trêmulo, beijava a pequerrucha, dizendo: “Oh, meu Deus! Devolvestes a minha filha! Não tenho dúvidas…” Paulo passou o resto de sua vida fazendo rituais, para achar e explicar a constituição da consciência.” (Tia Neiva, s/d)
● “Quando assumimos o compromisso de embarcarmos nesta viagem, viemos equipados para o Bem e assumimos o compromisso para o reajuste de um débito, o qual não somos obrigados a assumir. Porém, tão logo chegamos, pagamos centil por centil o que prometemos!” (Tia Neiva, Carta Aberta n. 1, 4-9-77)
● “Assumimos o compromisso de uma encarnação. Juntos partimos não só pelas dívidas em reajustes como também pelos prazeres que este planeta nos oferece. Sim, estando no espaço, devendo na Terra, sentimo-nos desolados e inseguros, porque estamos ligados pelas vibrações contrárias. E neste exemplo, Jesus nos afirma que só reajustaremos por amor.” (Tia Neiva, 9.10.77)