APARÁ
Vamos chamar o sistema nervoso(*) simpático ou autônomo de passivo e o parassimpático de ativo, para facilitar o entendimento dos dois tipos de mediunidade (*) em nossa Corrente do Amanhecer: a do Apará, o médium de incorporação, está baseada no sistema nervoso passivo, tendo natureza passiva, orgânica e anímica, onde a vontade e a consciência pouco ou nada atuam; enquanto a do Doutrinador funciona com base física, no sistema nervoso ativo, com predomínio da consciência e da vontade, fazendo com que passasse a existir um transe mediúnico totalmente consciente. No primeiro dia em que comparece para iniciar seu Desenvolvimento, o médium faz um teste para verificar o tipo de mediunidade de que é portador, momento em que toda a atenção deve ser dispensada aos chegantes, pois a tentativa de desenvolver a mediunidade de um Doutrinador nato como médium de incorporação, por seus plexos inferiores, leva a conseqüências imprevisíveis.
A nenhum espírito – de Luz ou sem Luz – é dada permissão para incorporar, usar o corpo de um médium, sem que ele o permita. Por isso existe o mecanismo da percepção do que acontece durante uma incorporação, garantindo ao médium a idoneidade de seu trabalho e lhe fazendo sentir sua responsabilidade, pois existe sutis diferenças entre as manifestações de um espírito incorporado e as do próprio médium. A força da incorporação é recebida no plexo solar e transmitida aos plexos vizinhos, em perfeita harmonia com os chakras, concentrando o fluxo sanguíneo na região, o que provoca diminuição da irrigação cerebral e, conseqüentemente, diminuição dos sentidos físicos do médium, resultando em uma emissão fluídica alheia ao processo psicológico.
O médium de incorporação, que sempre existiu sob uma força nativa, recebeu, dentro do Africanismo, uma nova forma: sua força, com a consagração de Nossa Senhora Apará – Nossa Senhora da Conceição – teve a transformação para uma força crística extraordinária, agindo em seu plexo iniciado, com muito maior responsabilidade por ser instrumento da Voz Direta. Naqueles tristes navios negreiros, nas senzalas, a força iniciática trazida pelos Enoques se manifestou de forma grandiosa, atendendo aos negros desesperados através de médiuns que incorporavam entidades de Luz, e que, por isso, passaram a ser denominados APARÁS, tanto os mestres como as ninfas. Aos mestres foi dada uma designação especial: AJANÃ, dentro das diferentes condições entre o plexo masculino, positivo, forte para receber projeções e incorporações poderosas, tanto de espíritos evoluídos como os sem Luz, e o plexo feminino, negativo, sensível, apto à manipulação de energias poderosas, intensas, porém suaves. Recebem, também, a denominação de RAIO LUNAR, embora alguns achem que esta só se aplicaria àqueles que estão em condições de incorporar o Pai Seta Branca. Existe, para os Ajanãs, a classificação de QUINTO YURÊ, bem como de Estrelas – Cautanenses (*) e Vancares (*). Deve o médium de incorporação manter-se alerta para estar em condições de proporcionar perfeitas manifestações tanto dos espíritos sofredores como das mais complexas e elevadas formas de entidades espirituais.
Também é preciso lembrar que o trecho da Prece do Apará, em que se roga a Deus “tira-me a voz quando, por vaidade, enganar os que me cercam” não significa ficar mudo, sem voz, mas, sim, ser tirada a Voz Direta da Espiritualidade daquele médium, que passa a agir por simples animismo ou a ser instrumento de espíritos sem Luz, que se fazem passar por Mentores. Na Doutrina do Amanhecer, ao iniciar suas aulas de Desenvolvimento, o médium tem identificada sua mediunidade. Se é de incorporação – um apará – é feita uma avaliação de como essa capacidade se apresenta, pois pode trazer hábitos e posturas de outras correntes que devam ser minimizados, para que possa trabalhar adequadamente como médium de incorporação da Corrente do Amanhecer. Segundo o Mestre Guto, Coordenador dos Aparás, existe uma classificação dos médiuns de incorporação: Mestre ou Ninfa Lua – o médium em Desenvolvimento; Apará – o médium após sua Iniciação; Ajanã – o médium que fez a Elevação de Espada; e 5º Yurê – o médium (mestre ou ninfa) que consagrou sua Centúria. O médium de incorporação deve ter as seguintes condições básicas:
- Incorporar um sofredor sem fazer muito alarde, sem palavras inconvenientes e sem cair em posições grotescas ou desagradáveis;
- Incorporar e saber distinguir a emanação do Preto Velho, do Caboclo, do Médico ou de qualquer outra Entidade que se faça presente através dele;
- Assimilar as mensagens e as transmitir, sem nelas interferir ou dar algum toque pessoal;
- Ser suficientemente humilde para trabalhar no Templo, com amor, sempre que for convidado, sem escolher o trabalho ou o comandante;
- Saber mediunizar-se profundamente, de modo a evitar cansar-se no trabalho, pois, bem mediunizado, não terá noção do tempo nem do calor, ou do frio, nem do que acontece a seu redor.
CANTO DO APARÁ
Senhor! Nesta bendita hora, venho Te pedir a permissão para melhor me conduzir à mesa redonda do Grande Oriente de Tapir!
Que as forças dos Veterano Espíritos me conduzam e me ilustrem,para melhor servir nesta era para o Terceiro Milênio!
Senhor! Sinto a transformação do meu espírito e, para que eu possa trabalhar sem dúvidas, tira-me a voz, quando, por vaidade, enganar aos que por mim esperam…
Não permita, Senhor, que forças negativas dominem a minha mente!
Faze, senhor, com que somente a verdade encontre acesso em todo meu ser!
Faze-me instrumento da Tua paz! Ilumina a minha boca, para que puras sejam as mensagens do céu por mim!
Ilumina, também, as minhas mãos nas horas tristes e curadoras, e para sempre!…
Juro seguir as instruções dos mestres doutrinadores veteranos desta doutrina do amanhecer!
Faze-me instrumento da Tua Santa Paz!
A partir de então viverás em meu íntimo,
E serei sábio para melhor Te servir!…
Este é o teu sangue que jamais deixará de correr em todo o meu ser!
Salve Deus!
PRECE DO APARÁ
Ó, Jesus! Não permita que forças negativas dominem a minha mente!
Que somente a verdade encontre acesso em todo o meu ser…
Faze-me perfeito instrumento de tua Paz!
E para que eu possa trabalhar sem dúvidas,
Tira-me a voz quando, por vaidade, enganar os que me cercam…
Ilumina a minha boca para que puras sejam as mensagens do céu por mim!
Ilumina, também, as minhas mãos
Nas horas tristes e curadoras e para sempre!…
Jesus! Ninguém, jamais, poderá contaminar-se por mim!
Salve Deus!
⮚ “Uma faixa magnética não passa pelo médium de incorporação sem a puxada do Doutrinador ou sem o devido consentimento do mesmo. O Doutrinador iniciado é mais útil ao trabalho do que mesmo os próprios guias, que, para terem um trabalho eficiente, o fazem com as ordens dos Doutrinadores, aos quais respeitam e acatam. O médium de incorporação é um simples instrumento. Ele não tem, absolutamente, condições de fazer um trabalho perfeito ou dar uma comunicação perfeita sem a presença e cuidados de um Doutrinador. Nos meus olhos de clarividente, não vejo condições curadoras sem esta perfeita manipulação de forças e de ectoplasmas. Existem muitas comunicações perfeitas entre nós, graças a Deus! Temos médiuns perfeitos! Quando o médium se mostra com toda euforia para a incorporação, começam a se esgotar suas energias, e sua comunicação fica perigosa porque seu ectoplasma entra em decadência, não mantendo uma conjunção com o Doutrinador. A função dos espíritos que labutam no nosso trabalho profissional é conjugar os ectoplasmas para a realização de curas. O médium que recebe espíritos sem qualquer disciplina própria poderá acertar uma profecia, porém aqui tratamos com profissionais e, como tal, exigimos essa disciplina. O Espiritismo ainda não se difundiu, conforme meus olhos de clarividente registram, justamente por causa desta falta de disciplina. Os meios de manipulação de forças nos trabalhos são propícios à perfeição, dependendo unicamente da humildade e disciplina de cada médium. Se um médium incorporar sem disciplina, seu Doutrinador poderá ser chamado à atenção, severamente, por mim!” (Tia Neiva, 7.5.74)
⮚ “Mestres Luas, aparás, vejam a maravilha que está acontecendo naquela Estrela Candente! Uma maravilha deste século – as Sereias! Elas não falam. Só emitem ectoplasma, só emitem Luz. Elas não vêm para orientar o Homem em sua conduta. Elas já encontram todos com uma conduta perfeita… Assim somos nós, aparás! (…) Nós estamos aqui para trazer a Luz do Céu. Nós somos porta-vozes do Céu. Não se preocupem com o destino do Homem, porque, aqui na Terra, mesmo com um anjo dentro de nosso coração, não temos a capacidade de remover um Homem sem sentimentos, um Homem desajustado. Nós temos capacidade para remover, nós temos capacidade para muito mais, se soubermos, se nos compenetrarmos do nosso papel, mas do papel sem refúgio, este papel pelo qual o Espírito da Verdade nos guia, curando, emanando, isto sim, sem pretensão de ficarmos ali num Trono, ou onde quer que seja, com espírito de profeta ou profetiza! Esta é uma das coisas mais erradas que ainda temos, um ranço aqui na nossa Corrente. A maioria dos aparás diz assim para mim: Tia, estou ouvindo a minha comunicação! Eu sempre repilo: Você está ouvindo a comunicação do Preto Velho! Salve Deus!(…) Lembrem-se, apenas, de que são aparelhos divinos, que são medianeiros, que atraem todas as forças benditas do Céu e que têm capacidade perante suas consciências… Às vezes, se assustam, pensando estar mistificando. Somente essa consciência bendita pode impedir, muitas vezes, um desajuste maior! (…) Quero que vocês, doutrinadores e médiuns de incorporação, que tanto bem vêm fazendo a esta Humanidade, nos Tronos ou onde estiverem lembrem-se somente de uma coisa: que ali estão manipulando uma força cristã, transformada no Cristianismo, para uma Nova Era. Quando chegar um paciente perto de vocês, não se preocupem com a mensagem do Preto Velho… doutrinária, somente doutrinária! E lembrem-se de que, acima deste trabalho, o trabalho de atender a uma pessoa, ali vocês estão fazendo uma caridade transcendental. E é só abrir os seus olhos físicos e ver: um homem doente, desajustado, ao qual vocês estão fazendo a caridade, procurando reajustar aquele paciente, com toda a consciência. Graças a Deus, vocês estão fazendo um trabalho transcendental. Muitas vezes, deste paciente vocês estão tirando um monstro, um impostor, que está desfazendo e desajustando, às vezes, dezenas de famílias… Um só!” (Tia Neiva, 27.6.76)
⮚ “A Centúria do Doutrinador não me emocionou tanto como a do mestre Apará. Esta Centúria significa para nós, Aparás, a Chave de um portal de desintegração para mundos ainda desconhecidos nesta encarnação, a vocês. Lembro-me de quando recebi esta Chave e, com ela, percorri uma grande parte deste Universo! Deste Universo, aqui na Terra e no espaço. Recebi todo o conhecimento e energia, andei e me transportei mil vezes, para trazer ao Doutrinador tudo o que temos e o muito que ainda vamos receber. Receberam esta Chave, e com ela vão adquirir mil conhecimentos como eu recebi! Jesus lhes dê as forças necessárias, aquela força que recebi há vinte anos. O Apará é um filho querido, como o Doutrinador. O Apará não é um médium comum de incorporação.” (Tia Neiva, 16.3.78)
⮚ “A Centúria significa, para o mestre Apará, a Chave de um portal de desintegração aos mundos ainda desconhecidos, nesta encarnação, a vocês. Com esta Chave, você vai adquirir mil conhecimentos, como eu recebi. Jesus lhe dê as forças necessárias para cumprir, com perfeição, sua tarefa cármica e possa sentir-se um Homem plenamente realizado. Possua sempre a paz interior, que é indispensável para que seu Sol Interior possa irradiar e iluminar sua luz a todo este Universo! Conheço bem os seus caminhos, e peço por você em meus trabalhos.” (Tia Neiva – Carta Aberta n. 6, 9.4.78)
⮚ “Meu filho Jaguar Raio Lunar! Da Comunicação do Poder na ordem e no amor, neste universo perfeito, muito tens a revelar porque, filho, as estrelas do teu caminho vivem em ti, buscando e reparando em tua boca e em teus ouvidos, dando conta de teus misteres. Não temas, não te amedrontes diante da posteridade. Porém, saibas que pelo poder do teu juramento muito tens a respeitar. Tomaste o CÁLICE que percorre todo o teu ser, entregaste a tua VOZ a bem do Espírito da Verdade! E hoje, filho querido do meu coração, recebestes, em troca, o CANTO UNIVERSAL! Todo o universo ouve o juramento que fizestes, com as seguintes palavras: Ó, SENHOR, FIRA-ME QUANDO MEU PENSAMENTO AFASTAR-SE DE TI! E mais, ao tomar o Cálice: ESTE É O TEU SANGUE QUE CORRE EM TODO O MEU SER. NINGUÉM JAMAIS PODERÁ CONTAMINAR-SE POR MIM! De Deus terás tudo por estas palavras. Amando cada vez mais, o Teu Pai.” (Pai Seta Branca, 30.12.78)
⮚ “Alma livre, evoluída! É o mestre Apará, que rompe o véu da Ciência, dos preconceitos, que transporta o transcendente, perscruta a alma, descreve com clareza e precisão. Quanto mais simples, mais perfeito o exemplo de amor do extrasensorial; cientista, se expande com fenômenos inexplicáveis dos surdos e mudos. É, também, a dor para os que desejam prova. É mais verdadeiro do que pensamos, pois o mundo é o seu cenário, onde se desenrolam os dramas da vida e da morte. Quando desejo explicar, na minha clarividência surge um foco diferente: é fenômeno especial! Cada Apará é um ator diferente, que exige seu cenário de acordo com seu padrão. Com auxílio da minha clarividência, vai além do impossível, chega ao que não foi descoberto. Sua maravilha e distinção são que o Apará não dispõe de sua inteligência, vendo tudo por natureza, indo além, muito além de tudo que, comumente, é possível descobrir, nem sequer pressentido pela inteligência mais perspicaz, mesmo servida por um microscópio. Salve Deus, meu filho Apará, fui onde me era possível, onde minha pobre analogia pode chegar, prevendo outras buscas de Evolução! Alma humana que não provém de seitas ou de escolas, somente Castro Alves nos recorda, com a figura do majestoso “O Navio Negreiro”, que, entre mil versos, diz: (…) Era um sonho dantesco… O tombadilho/ Que das luzernas avermelha o brilho,/ Em sangue a se banhar./ Tinir de ferros… Estalar de açoite…/ Legiões de homens negros como a noite,/ Horrendos a dançar…//Um, de raiva, delira, outro enlouquece…/ Outro, que de martírios embrutece,/ Cantando, geme e ri! Foi então que neste quadro dantesco de dor, apareceu a figura de Nossa Senhora da Conceição APARÁ; compadecida, chegava sutil e falava, naquela era sofrida, àqueles que, por Deus, ali estavam, sem carinho, sem esperança e sem amor. Apará, Apará! Era como a chamavam. Ela se manifestava entre eles, dando-lhes força, soprando suas feridas. Apará hoje és, na tradição deste exemplo, deste amor. Apará, meu filho, Apará! Não te esqueças de que, outrora, na dor, Nossa Senhora Apará, de poderes infinitos, nunca ensinou a ira, muito menos a vingança ou a riqueza, mas, sim, a humildade, a tolerância e o amor! É tudo, filho querido do meu coração, na tua graça singular. É a história que ficou. Os teus poderes são tudo o que disse, este pouco que pude dizer…” (Tia Neiva, 23.1.79)